A avó, que tem oitenta anos,
Está tão fraca e velhinha! . . .
Teve tantos desenganos!
Ficou branquinha, branquinha,
Com os desgostos humanos.
Hoje, na sua cadeira,
Repousa, pálida e fria,
Depois de tanta canseira:
E cochila todo o dia,
E cochila a noite inteira.
Às vezes, porém, o bando
Dos netos invade a sala . . .
Entram rindo e papagueando:
Este briga, aquele fala,
Aquele dança, pulando . . .
A velha acorda sorrindo,
E a alegria a transfigura;
Seu rosto fica mais lindo,
Vendo tanta travessura,
E tanto barulho ouvindo.
Chama os netos adorados,
Beija-os, e, tremulamente,
Passa os dedos engelhados,
Lentamente, lentamente,
Por seus cabelos, doirados.
Fica mais moça, e palpita,
E recupera a memória,
Quando um dos netinhos grita:
"Ó vovó! conte uma história!
Conte uma história bonita!"
Então, com frases pausadas,
Conta histórias de quimeras,
Em que há palácios de fadas,
E feiticeiras, e feras,
E princesas encantadas . . .
E os netinhos estremecem,
Os contos acompanhando,
E as travessuras esquecem,
— Até que, a fronte inclinando
Sobre o seu colo, adormecem . . .
by Olavo Bilac
Este texto é dedicado à minha avó que, se ainda fosse viva, teria completado ontem 86 anos. Sim, ontem, dia 1 de Maio, Dia do Trabalhador, um dia que não só é dedicado aos trabalhadores como não poderia ter sido mais adequado para celebrar o dia do seu nascimento, pois foi sempre uma mulher de muito trabalho, uma lutadora que trabalhou até ao dia em que faleceu. Nunca parava, apesar dos muitos problemas de saúde que tinha, era capaz de dizer sempre uma palavra amiga com força suficiente para pôr qualquer um para cima. OBRIGADA AVÓ por teres existido na minha vida, obrigada por tudo aquilo que nos transmitiste e obrigada por teres sido uma mulher com força suficiente para te manteres ainda viva no meu coração.
Beijinhos e um Xi-Y
1 comentário:
Só tenho uma coisa a dizer...
FANTÁSTICO
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